[Retrato de D. Sebastião, de Cristóvão de Morais]
Nas aulas de Português, o estudo da obra Mensagem, de Fernando Pessoa, levou os alunos até ao Museu Nacional de Arte Antiga conhecer o Retrato de D. Sebastião. Mais uma excelente oportunidade para o treino de técnicas de escrita, concretamente a apreciação crítica. Eis algumas perspetivas desta obra pelos alunos do 12.º C, sob orientação da professora Célia Ribeiro.
D. Sebastião, Rei de Portugal
A presente apreciação crítica tem como objetivo apresentar uma obra de Cristóvão de Morais, o Retrato de D. Sebastião, um emblemático quadro que retrata o jovem rei português, datado do séc. XVI (mais precisamente 1570), que se encontra atualmente exposto no Museu Nacional de Arte Antiga.
A imagem é composta essencialmente por uma figura principal: D. Sebastião, que está acompanhado por um cão, que se pressupõe ser o seu animal de estimação. D. Sebastião, de cabelos loiros, pele branca e olhos claros, encontra-se com um vestuário característico da realeza, do qual faz parte, uma armadura detalhada, com pormenores dourados e acessórios.
Para além disso, a utilização de um fundo preto contribui para um maior destaque do retrato, tornando a figura de D. Sebastião proeminente. D. Sebastião, monarca e figura representativa de Portugal, com armadura elaborada e em tons dourados, anéis de ouro e postura autoritária, representa a grandeza e o poder que o império português terá vivido na época da história de Portugal que lhe é contemporânea. Será, precisamente, a armadura, usada na guerra, o símbolo dos descobrimentos portugueses que D. Sebastião propulsionou, tornando Portugal uma potência ultramar. Ademais, neste quadro subentende-se que esta entidade mítica representa os sonhos e ambições de um povo.
Em suma, a imponência e grandiosidade da Pátria vivida no século XVI é incorporada por D. Sebastião no Retrato de D. Sebastião. Esta obra surge, assim, como um marco que lembrará para sempre os portugueses dos ideais passados e do espírito nobre que os caracteriza.
Beatriz Costa, Gonçalo Fernandes, Joana Pinheiro
Sebastião, és tu?
A obra Retrato de D. Sebastião, de Cristóvão de Morais, pintada em 1570, e em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga, é, sobretudo, uma ilustração deste monarca. Deste modo, o seguinte retrato, enquanto manifestação artística, aborda uma temática histórica, já que se observa D. Sebastião, o jovem rei cujo mito permanece até aos dias de hoje.
No primeiro plano, observa-se um jovem de cabelos dourados e de olhos de tonalidade azulada. Contudo, apesar da serenidade de tais características, o indivíduo apresenta uma expressão austera e uma postura robusta, corroborada pela armadura que reveste o seu corpo, onde predominam os tons outonais. Por sua vez, no extremo esquerdo da obra, encontra-se um animal canino, num estado de contemplação para com o monarca. Ademais, ao invés de todo o cromatismo presente neste plano, o fundo encontra-se desprovido de tal característica, já que é apenas negro.
De facto, a meu ver, verifica-se que o retrato pretende apontar para a face prepotente e dominante de Sebastião, devido à atitude altiva que reveste a sua postura. Urge, ainda, referir que o vestuário deste indivíduo salienta a sua ousadia, uma vez que tal é minuciosamente rico. Por sua vez, o seu vasto olhar enfatiza a abundância, no seu caráter, de determinação e persistência, qualidades cruciais que o levaram à batalha de Alcácer Quibir.
Em suma, considero que o pintor revelou a capacidade de transportar o observador para 1570 e, consequentemente, de contemplar as qualidades que retratam o herói mítico que foi e é D. Sebastião.
Lara Alves e Maria Pereira
D. Sebastião
No Museu Nacional de Arte Antiga encontra-se exposta a icónica obra de Cristóvão de Morais de 1570, Retrato de D. Sebastião, uma pintura do rei “adormecido” de Portugal.
Destacado num fundo negro, está representado o tronco do jovem rei. Do rosto do monarca sobressaem olhos azuis amendoados, uns lábios carnudos, umas orelhas pontiagudas e cabelos alourados. D. Sebastião revela uma pose de autoridade e grandeza, ostentando uma nobre armadura de metal com detalhes a ouro. A sua mão esquerda encontra-se fechada no corpo de uma espada, evidenciando a força do rei, que lutava destemidamente pelo seu reino. No canto inferior esquerdo, observamos um galgo, símbolo de fidelidade. O traço da obra é altamente realista, típico do final da época renascentista, altura em que se verifica a transição para o período barroco. Foram escolhidas para esta pintura tonalidades escuras, como o preto, o castanho e o vermelho, conferindo um ar tenebroso à obra, capaz de intimidar outros reis e trazer uma maior credibilidade ao jovem.
Alguns dos elementos desta obra, como a postura e o vestuário do rei, podem ser considerados a metáfora do povo português, uma vez que este é espelho do seu governador. O facto de D. Sebastião se encontrar com uma postura de soberania e glória, demonstra o carácter dos portugueses, que estavam destinados a trazer de novo o prestígio à Europa, nunca desistiam dos seus objetivos e procuravam sempre a prosperidade e o sucesso do reino. A sua armadura e espada evidenciam a força do povo português, guerreiros imponentes, com uma coragem descomunal e que não se intimidaram com nenhuma batalha.
Concluindo, a imagem de D. Sebastião e as suas melhores qualidades vêm-se refletidas no povo do seu império, e assim, podem ser interpretadas nesta pintura.
David Faria, Matilde Rodrigues e Matilde Neto
O Rei
O retrato apresentado, sendo este o de D. Sebastião, da autoria de Cristóvão de Morais, tem como principal elemento a presença de uma das mais ilustres personagens da história lusa, o rei D. Sebastião. Por sua vez, no canto inferior esquerdo do mesmo, nota-se a presença de um cão, sendo este, provavelmente, o animal de estimação de D. Sebastião, ou até mesmo da família real.
Após a realização de uma análise mais profunda e cuidada da obra apresentada, é possível concluir acerca de todo o simbolismo e significado nela presentes. D. Sebastião, a figura central deste retrato, encontra-se vestido a rigor, na medida em que é apresentado através de um traje volumoso, bem constituído, embora estando sobreposto por uma armadura, mas que demonstra poder e riqueza, visto que este tipo de vestuário, não era comum a todos.
É possível notar a presença de elementos de joalharia, nomeadamente dois anéis, embora discretos e subtis, mas que transmitem uma sensação de riqueza, poder e elevado estatuto social. É ainda possível observar que D. Sebastião adota uma postura imponente e régia, reforçando assim a figura de monarca.
Podemos então concluir que este retrato é uma obra que revela a personalidade e um pouco do contexto histórico de D. Sebastião, bem como a identidade e o destino de um rei que acabou, posteriormente, por se tornar um mito da cultura portuguesa.
Sérgio Cortês e Miguel Faria
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