[Igana (Igor Grellet)]
No âmbito da disciplina de Português, sob orientação da professora Célia Ribeiro, os alunos do 12.º C realizaram atividades de leitura de imagens e de escrita de acordo com géneros textuais. A apreciação crítica de arte urbana permitiu aos alunos a reflexão acerca da Arte como intervenção social. Aqui ficam dois exemplos:
Bombardeio Educativo
O grafiti é considerado, por alguns, uma arte de rua, porém, por outros, é simplesmente algo sem sentido. Creio que, neste caso, estamos perante uma obra de arte de Igana (Igor Grellet) que reflete, por si, uma enorme mensagem.
À primeira vista, percebemos imediatamente que estamos perante uma parede branca parcialmente lisa, contando com uns pequenos relevos posicionados na parte superior da parede. Estes parecem ser pontos de iluminação e são fundamentais, uma vez que tornam a obra visível durante a noite.
Ora, é então que vemos a explosão de tinta ao centro da parede. Um indivíduo de raça negra ocupa o grande plano, escondendo a sua identidade com a ajuda de um lenço padronizado que cobre o seu rosto, transparecendo somente a cor dos seus olhos. Consigo, carrega uma enorme arma explosiva, conhecida por alguns como RPG e, tal como a própria sigla indica, trata-se de uma arma destinada ao lançamento de foguetes explosivos. Esta contém, por outro lado, uma considerável diferença, já que o seu cano metálico foi substituído por um igualmente enorme lápis.
Posto isto, acredito que a mensagem retratada nesta imagem é bastante direta. Vejamos, a arma e o comportamento do sujeito são característicos das grandes guerras e conflitos que têm ocorrido à volta do globo, marcando o mundo pela destruição que causam. Nesta reinterpretação metafórica, apela-se, porém, à paz, e “ao lançamento de lápis”, isto é, à dispersão da educação numa escala semelhante à da destruição causada.
Por conseguinte, sou da opinião de que a pintura é uma obra de arte, carregando uma forte mensagem que penso que tenha sido brilhantemente conseguida por John Holcroft, o artista responsável, visto poder ser interpretada por todos, consciencializar todos aqueles que pelo seu significado, e ao mesmo tempo, embelezar a simples parede, tornando-a única.
Em suma, a arte de rua visionada transmite uma mensagem global e impactante que pode e deve ser interpretada por todos aqueles que passem, constituindo também um ótimo exemplo de uma forma de revolta e protesto.
Gonçalo Fernandes
Arma de grafite
Este cartoon, enquanto manifestação artística, aborda uma temática incrivelmente recorrente na atualidade – o poder do acesso à educação e a sua relação com os conflitos – uma vez que se observa um lápis a adquirir o papel que frequentemente a arma realiza.
Num primeiro plano, observa-se um indivíduo, cuja face se encontra escondida por entre panos, possuidores de padrões barulhentos e apelativos (conferindo-lhe um certo anonimato). Nas suas mãos, encontra-se uma arma, cujo constituinte principal é a grafite, ou seja, no cartoon observa-se o lápis a assumir o papel, maioritariamente nocivo, das armas de fogo. Porém, ao invés de toda a agitação presente neste plano, o plano de fundo encontra-se desprovido de tal movimentação visto que é apenas branco.
De facto, o cartoon transmite a ideia de que, ao invés das armas utilizadas nos conflitos, é necessário recorrer à maior arma de todas elas, nociva apenas para aqueles que não possuem espírito próprio – a educação. Tal ferramenta é de extrema importância e, consequentemente, não deveria ser negado o acesso desta a ninguém. Talvez esta arma, capaz de alimentar diversas mentes e corações, ao invés de exterminá-los, seja a solução para o término dos conflitos. A meu ver, é, portanto, necessário atingir diversos alvos com esta arma educativa, a fim de obter mentes brilhantes, corações saltitantes e possuidores de carisma, espírito e paixão, bem como outros mecanismos que permitem uma busca incessante pela justiça.
Em suma, a meu ver, é sensato o cartoonista utilizar tal imagem, geradora de questões extremamente pertinentes e que aponta, ainda, para a valorização fundamental da educação.
Maria João Pereira
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