Foi com Nayola, e com o seu realizador José Miguel Ribeiro, que os alunos 12.ºA da Escola Secundária de Barcelinhos comemoraram o Dia Mundial Do Cinema. Uma longa metragem de animação, plena de simbologia, nascida a partir das palavras de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, que retrata o flagelo da Guerra Civil em Angola e o impacto na vida de quem a vive por dentro. Um filme que conduz a muitas reflexões.
Agradecemos ao serviço educativo do Theatro Gil Vicente e à Associação Cultural Zoom por esta oportunidade que permitiu aos nossos alunos o contacto com cinema português, o que em muito contribuirá para a sua formação enquanto público crítico e apreciador de arte cinematográfica. Esta foi uma atividade do âmbito do Plano Nacional de Cinema.
Deixamos alguns excertos das apreciações do filme realizadas pelos alunos do 12.ºA, sob orientação do professor Álvaro Carvalho.
«O filme Nayola, de José Miguel Ribeiro, com argumento de Virgílio Almeida, nasce como uma adaptação para cinema da peça de teatro A caixa preta, de José Eduardo Agualusa e Mia Couto.
No filme vemos a alternância entre duas linhas do tempo, a da mãe, Nayola, que procura na guerra o seu marido, deixando a filha e a sua mãe em Luanda, e a linha da filha, Iara, que é uma jovem rapper irreverente, parte do movimento do rap de intervenção angolano.
Por um lado, na linha do tempo passado, representada através de técnicas de animação 2D, acompanhamos Nayola na busca incessante pelo seu marido, desaparecido em combate, e que, ao longo da sua jornada, observa o estado lastimável em que a guerra deixou Angola e o povo angolano, completamente abalados física e psicologicamente pelo conflito.
Por outro lado, sempre que seguimos a linha do presente, animada com técnicas 3D mais realistas, a história passa a centrar-se em Iara, que no auge da sua juventude deseja com as suas rimas mudar o rumo do seu país, que ainda tenta recuperar do tempo da guerra e que parece parado no tempo. No final, com o encontro entre mãe e filha, vemos que também a guerra mudou Nayola, pois Iara em momento algum se apercebe da presença daquela que tanto esperou.
Em suma, este filme transmite claramente a ideia de que ninguém regressa da guerra, porque se morre, se desaparece em combate, ou se acaba transfigurado pelo conflito.»
Rodrigo Araújo
«Este é um filme com elementos realistas que retrata uma guerra horrenda. Por outro lado, aposta num lado onírico, que, de certa forma, é mais fiel como espelho da guerra do que a própria realidade.»
Maria Gil Carvalho
«Eu achei este filme muito tocante devido a todos os temas nele retratados, que mostram uma realidade completamente diferente da nossa, sendo esta principalmente apresentada através de simbologias e metáforas. Achei interessante o modo como a história da viagem de Nayola conseguiu permanecer contínua, apesar dos saltos temporais que estavam a acontecer constantemente. Quanto a estes, achei fascinante o modo como as duas histórias narradas, apesar de estarem a dezasseis anos de distância, acabaram por se cruzar e fundir numa só.»
Ana Rita Alves
«A animação e a narrativa revelaram-se particularmente bem executadas, mostrando que, realmente, a obra é merecedora dos seus vários prémios. A introdução e concretização das várias metáforas e experiências inspiradas no mundo real trazem à mente do espectador vários temas sensíveis de maneira fluída, como os direitos humanos, a opressão, a natureza da guerra, os traumas causados pela mesma nas gerações futuras e, também muito importante, uma visão rara da cultura e história angolanas.»
Guilherme Belchior
«NAYOLA é uma obra que oferece uma visão única e provocatória da condição humana em tempos de conflito e miséria, onde os mais fortes governam e os mais fracos obedecem.»
Flávio Cardoso
«O filme Nayola, centrado em três gerações de mulheres durante a guerra civil em Angola, é uma animação bastante impressionante cuja complexidade narrativa requer atenção para ser desvendada. A estética visual e a música angolana enriquecem esta grande experiência cinematográfica.»
Afonso Faria
«O final da animação ficou em aberto, tentando levar o espectador a tirar as suas próprias conclusões relativamente aos seus aspetos simbólicos, o que levou a que a história em si não tivesse uma conclusão apropriada, na minha opinião.»
Mariana Faria
«Acho que a elaboração deste filme foi um excelente trabalho do autor, desde a animação até à história, já que conseguiu mostrar como a guerra afetou diferentes gerações de um país.»
Guilherme Figueiredo
«O filme é bastante apelativo e interessante, visto que mostra a relação única de três gerações de mulheres afetadas pela guerra civil. O facto de a protagonista ser uma personagem feminina realça o papel das mulheres e a luta pela valorização das mesmas. Também as músicas angolanas do filme nos transportam mais facilmente para a sua origem e cultura, permitindo, assim, um menor distanciamento entre a Europa e África.»
Mafalda Linhares
«Achei o filme interessante porque nos mostra o que acontece em tempo de guerra e as dificuldades que as pessoas passam, bem como os conflitos dentro da família.»
Gonçalo Martins
«A longa-metragem releva mensagens muito profundas relativamente ao que aconteceu durante a guerra civil angolana. Está muito bem executada, já que através das metáforas utilizadas nos dá a abertura para interpretar algumas partes da animação da maneira que quisermos, embora haja outras muito diretas e de fácil interpretação.»
Mariana Pereira
«Este filme retrata muito bem o tempo de guerra e o esta afeta a família e a comunidade. A narrativa complexa desperta a curiosidade do espectador.»
Helena Rocha
«O filme retrata uma história muito interessante e tem uma animação de boa qualidade, com bastantes pormenores, o que ajuda a contar a história de forma eficaz, enriquecendo a experiência do espectador.»
Carolina Silva
«Achei o filme interessante e recomendo a visualização do mesmo, principalmente a quem gosta de filmes de aventura.»
José Silva
«O filme foi pertinente para a consciencialização do que acontece na sociedade durante tempos difíceis, principalmente durante a guerra.»
Maria Silva
«Este filme demonstra, de forma inovadora, a realidade da guerra e do pós-guerra, através da história de superação continuada das duas personagens principais, uma vez que ambas se sacrificaram de formas diferentes para conseguirem seguir as suas paixões, mesmo sabendo que da guerra ninguém volta.»
Tiago Sobral
«Por um lado, as imagens utilizadas ilustram perfeitamente o quão difícil é superar a guerra, restando sempre vestígios desta em cada um dos combatentes. Por outro lado, é transmitido, também, que não são apenas aqueles que estão em contacto direto com o combate que sofrem, mas também aqueles que ficam para trás e que, muitas vezes, perdem familiares. No meu ponto de vista, a comunhão das imagens com o texto permite uma perfeita interpretação da mensagem e leva à reflexão sobre assuntos muito importantes para a sociedade.»
Ana Sousa
«Este filme, com a sua animação única e história impactante, é mais do que uma narrativa sobre um conflito histórico; é uma reflexão sobre a natureza humana e a capacidade de resistir, destacando-se como uma obra-prima.»
Marcos Torres
«Outro aspeto que torna o filme mais interessante é o facto de este estar repleto de simbologias, o que demonstra um grande esforço por parte dos autores em tornar a sua obra mais diversa, tendo, na minha opinião, o objetivo sido cumprido.»
Carolina Vale
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